No comments yet

Pau-brasil: a música luta pela árvore símbolo do País na Cop19

Anafima integra aliança global para a busca do equilíbrio entre a preservação do bioma e o uso do arco produzido comm madeira pau brasil.

Associação Nacional da Indústria da Música (ANAFIMA)  reforça a importância do Ibama como autoridade para a fiscalização e preservação do meio ambiente e entende que a operação vai de encontro com a expectativa dos profissionais que trabalham legalmente com a atividade. “A música é a única atividade que refloresta o pau-brasil. A árvore é objeto de investimento em pesquisa e reflorestamento por grupos brasileiros e internacionais. O Ibama tem que diferenciar os profissionais que trabalham legalmente dos contrabandistas de madeira”, explica Daniel Neves, presidente da Anafima.

Esta entidade clama que, a árvore símbolo do País, tenha a atenção devida das autoridades considerando seu papel secular na execução da música clássica no mundo.

Caso o pau brasil seja incluído no Anexo I da CITES durante a COP19, no Panama, o principal acessório para a execução da música clássica nos instrumentos de cordas não poderão viajar junto com os instrumentos, criando um imenso problema para os profissionais da música.

Dados do mercado de pau brasil para uso em arcos:

Exportação de arcos de pau brasil 2018 a 2022

ANOValor FOB (US$)Quilograma LíquidoQuantidade Estatística
2022$1.330.871524500
2021$2.694.49710081151
2020$2.303.66516401644
2019$2.731.94014422248
2018$2.763.97711433058
fonte: Anafima/Comexstat MDIC

  • Quantidade de empresas exportadoras: 14
  • Média de arcos produzidos anualmente: 10 mil peças
  • Mudas plantadas pelos envolvidos na cadeia produtiva do arco de violino: +550 mil
  • Tempo de maturação da árvore para o arco: Árvores acima dos 50 anos possuem melhores características mecânicas. Estudos acadêmicos tem, por outro lado, variado de 20 a 35 anos na conclusão para o uso do pau brasil construído com árvores mais jovens.
  • Nativas x Reflorestadas: O arco elaborado com madeira de reflorestamento tem as mesmas características que as nativas.
  • Madeiras alternativas ao pau brasil (Caesalpinia echinata): Ipê Amarelo (Handroanthus spp) e Cumaru (Dipteryx spp). Entretanto, estas ainda não possuem equivalência total a mecânica do pau brasil.
29072022_Arcos-de-violino-v2

Cop19 e o pau-brasil

O destino da principal ferramenta da música clássica poderá ser mudado na próxima reunião da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Ameaçadas de Extinção (CITES) na Cop19, a ser realizada de 14 a 25 de novembro no Panamá. De um lado, o Ibama busca incluir o pau-brasil no Apêndice I da CITES, com uma Anotação que impõe controles sobre “todas as peças, derivados e produtos acabados, incluindo arcos de instrumentos musicais, exceto instrumentos musicais e respectivas peças que façam parte de orquestras itinerantes e músicos solo portando passaportes musicais de acordo com Res. 16.8.” De outro, as orquestras, luthiers e toda a comunidade nacional e internacional de músicos que buscam esforços para conservar o pau-brasil e uma solução de política alternativa que efetivamente possa dar mais sustentabilidade à espécie, evitando igualmente danos ao setor musical.

Mas na prática, a proposta do Ibama para a Cop19 imporia novos requisitos de autorizações para os músicos viajantes e tornaria praticamente impossível a venda, revenda e reparo de arcos novos e usados em nível global.

O resultado seria catastrófico para a música produzida por instrumentos de cordas, para os músicos, para o ofício histórico da confecção de arcos, para as instituições culturais e artísticas e instituições culturais, e para os vários milhões de ouvintes de música de todo o mundo.

Justamente por opiniões como de Yo-Yo Ma, a comunidade internacional se reuniu numa coalizão internacional formada pelas maiores orquestras, luthiers e diversas associações para garantir que o pau-brasil reflorestado e legalmente extraído seja oficialmente permitido.

Contra a extração de madeira ilegal o setor musical está procurando trabalhar em parceria com as partes integrantes da CITES em busca de uma solução política que possa conservar o pau-brasil, uma espécie da qual o mundo da música é altamente dependente e, ao mesmo tempo, evitar ônus desnecessários para os músicos viajantes, para o comércio global de arcos e para as autoridades gestoras da CITES.

Post a comment

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.